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Síndrome do túnel társico

O túnel do tarso é um canal estreito que fica na parte de dentro do tornozelo e é formado pelos ossos do tornozelo e pelos ligamentos que cobrem e formam o “tecto” do túnel, tendo como função proteger e manter as estruturas contidas no seu interior (artérias, veias, tendões e nervos) no local correcto.

Uma das estruturas que atravessa esse túnel é o nervo tibial posterior, que está na origem da síndrome do túnel társico.

Esta síndrome consiste na compressão do nervo tibial posterior, produzindo sintomas ao longo do trajecto do nervo, que vai do interior do tornozelo à planta do pé. 

O seu comportamento é semelhante à síndrome do túnel cárpico, que ocorre no punho. Ambos os distúrbios decorrem da compressão de um nervo no seu local de passagem.

Esta compressão do nervo está associada a alteração na mecânica de uma ou mais articulações, que sobrecarregam as estruturas internas do tornozelo ou a uma alteração de estruturas no trajecto do nervo afectado. deste modo é importante tratar não apenas os sintomas (pois o problema pode voltar) mas sim a alteração que poderá estar na origem desta síndrome.

A síndrome do túnel társico é relativamente pouco frequente e afecta sobretudo as mulheres entre 45 e 50 anos. Os principais factores de risco são o excesso de trabalho em carga, uma história de traumatismo ou fractura ou exercícios repetitivos em flexão plantar (“bicos dos pés”).



Sinais e sintomas/ Diagnóstico 


Formigueiro, ardor, dormência ou sensação semelhante a um choque eléctrico no tornozelo e/ou na planta do pé 
Dor, incluindo uma pontada de dor do tornozelo em direcção à planta do pé 
Pode ser palpável um pequeno nódulo no nervo, na face interna do tornozelo. 

Muitas vezes os sintomas são agravados pelo uso excessivo do pé, como estar em pé muito tempo seguido, ou começar um novo programa de exercícios. É muito importante procurar um tratamento precoce, caso contrário o mecanismo lesivo mantêm-se, podendo resultar em danos permanentes do nervo. 

Como os sintomas da síndrome do túnel társico podem ser confundidos com outras condições, uma avaliação cuidada é essencial para um diagnóstico acertado. Durante a avaliação clínica, o nervo deve ser palpado e colocado em tensão com avaliação da neurodinâmica pelo fisioterapeuta, de forma a perceber se os sintomas provêm desta estrutura. 

Na presença de um nódulo suspeito deve ser encaminhado para o médico de modo a avaliar a necessidade da realização de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente uma ecografia. A electromiografia pode ajudar a determinar a gravidade da lesão, percebendo se a condução nervosa desse nervo está alterada.



Tratamento 

Tratamento dos Sintomas

Existem várias opções de tratamento conservador (não-cirúrgico), que muitas vezes são utilizadas de forma combinada, por desta forma serem mais eficazes na redução dos sintomas:

Evitar sobrecarga do pé: Evite caminhar ou estar muito tempo de pé. Se tiver de o fazer utilize canadianas. Andar a pé pode significar um agravamento da sua lesão.

Gelo (questionável pois provoca vasoconstrição e pode impedir uma boa remodelação dos tecidos): Aplique uma compressa de gelo na área lesada, colocando uma toalha fina entre o gelo e a pele. Use o gelo por 15 minutos e depois espere pelo menos 2h antes de aplicar gelo novamente.

Medicação oral (apenas em caso de dor intensa e receitados pelo médico): Os anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs), ajudam a reduzir a dor e a inflamação.


Tratamento da origem do problema

Fisioterapia e Osteopatia: 


  • Mobilização/manipulação articular do tornozelo 
  • Alongamento suave e progressivo das estruturas afectadas 
  • Trabalho de neurodinâmica do nervo afectado 
  • Avaliação e tratamento das articulações adjacentes, em caso de alteração da mecânica articular 
  • Ensino de exercícios para casa 
  • Palmilhas personalizadas podem ser prescritas para ajudar a manter o arco plantar e limitar o movimento excessivo, que pode causar compressão do nervo. 



Uma infiltração com cortico-esteróides dada na zona dos sintomas por um médico pode aliviar temporariamente a dor




A descompressão cirúrgica por secção do retináculo flexor deve ser considerada quando o paciente não responde ao tratamento conservador, mantendo-se com dores limitativas para as actividades da vida diária.

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